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Jornal Folha de Goiás – Levantamento avalia perfil de profissionais “invisíveis” da saúde

Um levantamento inédito da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) tem como objetivo descrever a situação dos mais de 2 milhões de técnicos e de apoio que atuam em atividades de socorro, atendimento e apoio no combate à COVID-19. 19 Pandemia.

Pesquisas apontam que muitas vezes essas pessoas são percebidas como invisíveis, à margem dos serviços de saúde e enfrentando realidades de desigualdade, exploração e preconceito. Segundo dados divulgados hoje (10/02), 80% das pessoas vivem em estado de exaustão ocupacional ligado ao estresse psicológico, sentimentos de ansiedade e esgotamento mental. Além disso, 70% dos participantes do estudo relataram falta de apoio institucional e 35,5% admitiram ter sofrido violência ou discriminação durante a pandemia. Dos comportamentos agressivos, 36,2% ocorreram no ambiente de trabalho, 32,4% ocorreram na vizinhança e 31,5% ocorreram no trajeto casa-trabalho-casa.

Os resultados também observaram que 53% desses trabalhadores não se sentiam seguros da covid-19 no trabalho e 23,1% estavam preocupados em geral com a contaminação. 22,4% relataram falta, escassez e uso insuficiente de equipamentos de proteção individual e 12,7% relataram falta de estruturas necessárias para o desempenho de suas funções. Além disso, 54,4% acreditavam que houve negligência no treinamento para lidar com a doença.

Outra estatística destacada no estudo diz respeito ao excesso de trabalho, afirmado por 50,9% dos entrevistados. 47,9% acharam que era muito exigente física e mentalmente. Pressão de tempo, interrupções constantes, movimentos e ações repetitivas, pressão para atingir metas e períodos de descanso reduzidos foram mencionados.

No total, foram entrevistados 21.480 trabalhadores de 2.395 municípios de todas as regiões do país. Eles foram questionados sobre suas condições de vida, empregos diários e saúde mental. Segundo pesquisadores da Fiocruz, o estudo lança luz sobre a dura realidade da falta de direitos sociais e trabalhistas na vida das pessoas. Cumprindo ordens silenciosamente e encobertas por instituições, elas têm que lidar com doenças, depressão relacionada ao trabalho e situações desesperadoras.

“Apesar de atuarem na linha de frente do combate à pandemia de covid-19 há dois anos, muitos deles, como maqueiros, motoristas de ambulância, pessoal de manutenção, apoio operacional, limpeza, cozinhas, administração e gestão de instalações, sequer possuem cidadania de profissional de saúde. A lista de participantes da pesquisa também incluiu técnicos e auxiliares de enfermagem, saúde bucal, radiologia, laboratório e análises clínicas, agentes comunitários de saúde e agentes anti-endemias”, finalizou a Fiocruz.

O estudo também traça o perfil desses trabalhadores: 72,5% deles são mulheres e 59% são pretos ou pardos. A faixa etária de 36 a 50 anos representava 50,3% dos trabalhadores, enquanto 32,9% tinham menos de 35 anos. Apesar de em sua maioria jovens, 23,9% relataram algumas comorbidades como hipertensão arterial, obesidade, doença pulmonar, depressão e diabetes.

Mais da metade (52,6%) trabalha na capital e regiões metropolitanas. Quanto ao tipo de instituição, os hospitais públicos representaram 29,3%, as instituições médicas primárias, 27,3%, e os hospitais privados, 10,7%.

Os levantamentos também mostraram que 85,5% desses profissionais trabalhavam até 60 horas semanais e 25,6% precisavam de outro emprego para sobreviver. Segundo os pesquisadores, muitos exercem atividades adicionais como pedreiros, ajudantes de pedreiro, seguranças ou porteiros em prédios residenciais ou comerciais, moto taxistas, motoristas de aplicativos, babás, temporários, manicures e ambulantes.

 

Informação: Agência Brasil

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# Leia Silva

Leila Silva é colunista convidada do Distrito Federal, especialista em economia, mercado, Brasil e mundo. Os artigos são de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do veículo.

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