Uma pesquisa iniciada há 15 anos e sem prazo para terminar reúne em um único catálogo o levantamento completo da flora, fauna e funga do Brasil. O “Catálogo da Vida do Brasil”, um dos poucos existentes no mundo, é coordenado pelo Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro. O projeto recebeu, a partir de 2008, aportes de mais de R$ 3 milhões da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), tendo reunido cerca de dois mil taxonomistas e uma centena de instituições.
Os resultados, até agora, indicam que o Brasil possui 133.000 espécies de animais e mais de 50 mil espécies de plantas e fungos conhecidas pela ciência. Mas, conforme explica Rafaela Campostrini Forzza, coordenadora do projeto, todos os dias pelo menos uma nova espécie é catalogada. Por isso a pesquisa está em constante evolução. O catálogo fará com que os números – que foram validados por especialistas do mundo todo – deixem de ser meras estimativas.
– Temos a expertise dos taxonomistas, o know-how da Coppe da UFRJ na área de sistemas e dados, e com a autarquia do Ministério do Meio Ambiente, concluímos que concentrar todos os dados em nossa base seria positivo, explica Rafaela.
Em breve, será oficialmente reconhecido pelo Ministério do Meio Ambiente como a única e oficial lista do País. Para o professor Walter Boeger, do Departamento de Zoologia da Universidade Federal do Paraná, o reconhecimento do catálogo pelo Ministério do Meio Ambiente abrirá oportunidade para novos financiamentos no âmbito federal.
O próximo passo será o levantamento dos micro-organismos e fósseis, além da inclusão dos animais domésticos e de interesse agropecuário. Assim, estarão reunidas todas as espécies de seres vivos do território nacional, com acesso livre para consulta.
Com a fundamentação básica e a qualificação das informações, o catálogo irá permitir uma busca online confiável; oferecerá a síntese dos diferentes grupos taxonômicos, incluindo o bioma, região, bacia hidrográfica, entre outros aspectos; padronizará nomes científicos em uso, revelará os grupos negligenciados e lacunas de amostragens e confirmará se realmente o Brasil é o país mais megadiverso do mundo. Na opinião de Rafaela, a maior contribuição da pesquisa será nortear políticas públicas que garantam o desenvolvimento econômico com sustentabilidade ambiental e que identifiquem as áreas prioritárias para conservação.
Fonte: Governo do Estado do Rio de Janeiro.