Diante da maior epidemia já registrada de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP) no mundo, uma delegação do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) esteve em Paris, na França, entre os dias 21 e 25 de maio, na 90ª Assembleia Mundial de Delegados da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) para debates sobre o tema com mais de 170 países.
Durante dois dias do encontro, as discussões foram pautadas a respeito dos desafios estratégicos no controle global da IAAP. Delegados escolhidos pela OMSA puderam compartilhar a experiência de seus países em prevenção e vigilância para detecção precoce de influenza aviária, estratégias para resposta rápida e continuidade das atividades, além do comércio internacional seguro.
O Delegado do Brasil e diretor do Departamento de Saúde Animal, Eduardo de Azevedo, abordou sobre as normas internacionais para facilitar o comércio internacional seguro. Na ocasião, destacou as dificuldades atuais para o reconhecimento de zonas e compartimentos pelos parceiros comerciais, e a preocupação com as barreiras sanitárias injustificadas impostas em negociações bilaterais, independentemente das diretrizes da OMSA, as quais podem ser agravadas com a implementação da estratégia da vacinação contra influenza aviária.
Líder mundial na exportação de carne de aves e importante exportador de material genético avícola, o Brasil é contrário, a princípio, à adoção de vacinação das aves como medida preventiva de controle.
“Até o momento, o Brasil não conseguiu revisar os requisitos dos países relacionados à certificação de país livre ou a sua aceitação mediante vacinação. O país tem adotado a postura de ser contra a vacinação ainda, pois ao iniciar a imunização podemos não ter mais o status reconhecido e ter o mercado fechado pela adoção dessa medida”, disse o secretário de Defesa Agropecuária, Carlos Goulart.
Para o secretário, ainda é considerada a melhor medida de controle as aplicações de biossegurança nas produções comerciais aliada a rápida detecção, contenção e erradicação dos focos com vírus da influenza aviária.
Outros temas
A Assembleia da OMSA, em seu objetivo de prevenir, combater e erradicar doenças, busca discutir e definir propostas de normativas e recomendações, geradas pelas Comissões Técnicas e Especializadas. As deliberações são utilizadas pelos países membros para construção dos certificados sanitários internacionais que possibilitam a exportação de animais, material genético animal e seus produtos de origem animal.
No encontro, além da influenza aviária, também foram apresentados os relatórios anuais de situação mundial de saúde animal, dos grupos de trabalho de animais selvagens e de resistência aos antimicrobianos, além das atividades das comissões especializadas da OMSA.
A delegação brasileira participou também dos eventos paralelos. No global burden of animal diseases (GBADs), o Delegado do Brasil enfatizou a necessidade de dados e informações de qualidade sobre o impacto das doenças animais não apenas em saúde animal, mas também econômico, social, no meio ambiente e na saúde pública, a fim de subsidiar a priorização das ações dos serviços veterinários.
“Outro destaque muito importante na Assembleia Mundial da OMSA foi a aprovação da resolução que alterou o tratamento dado para a Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB). Agora, os países não são mais obrigados a notificar casos atípicos da doença, o que é um ganho muito positivo para países como o Brasil, pois pode favorecer em futuras discussões técnicas de revisão de protocolo com os países importadores”, informou Goulart.