O montante a ser injetado na economia brasileira com a segunda parcela do décimo terceiro salário está estimado em R$ 106,29 bilhões, conforme revelado por um estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Este valor representa um aumento de 6,2% em relação ao ano passado, já descontando a inflação.
O pagamento total deste benefício, chegando a R$ 267,6 bilhões até o final de 2023, indica uma média de R$ 2.980 por beneficiário. Esse aumento é significativo quando comparado aos R$ 2.882 pagos no ano anterior.
Em contraste com os anos anteriores, onde o direcionamento predominante do décimo terceiro foi para o pagamento de dívidas, em 2023, os gastos no comércio devem liderar a alocação dos recursos da segunda parcela, totalizando R$ 37,35 bilhões.
Segundo a CNC, essa mudança de comportamento em relação à quitação de dívidas se explica pelo declínio na taxa de juros ao consumidor e pela diminuição do comprometimento médio da renda familiar. A confederação destaca que, apesar do comprometimento médio da renda dos brasileiros permanecer acima de 30% desde setembro de 2021, dados do Banco Central indicam um declínio desse indicador para 30,3% em relação ao ano anterior, com uma estimativa de chegar a 30,1% em dezembro de 2023.
Esse novo comportamento econômico é impulsionado pela expansão da renda e do emprego ao longo do ano, assim como pela redução da taxa média de juros nas transações com pessoas físicas, que, em setembro de 2023, estava em 57,3%, mostrando uma tendência de declínio em comparação ao pico de 59,7% alcançado em maio do mesmo ano.
A maior quantia desta segunda parcela do décimo terceiro, em comparação com o ano anterior, é resultado do aumento do nível de ocupação no mercado de trabalho. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), houve um crescimento de 2,3% no contingente de trabalhadores com carteira assinada no setor privado nos últimos 12 meses, gerando 1,14 milhão de novas vagas.
Este décimo terceiro beneficia tanto os trabalhadores na ativa, responsáveis por 57% dos beneficiários (50,9 milhões), quanto aposentados e pensionistas, totalizando 38,9 milhões. O valor médio mais elevado é destinado aos aposentados e pensionistas do regime próprio da Previdência Social (R$ 6.031), enquanto os trabalhadores domésticos recebem a menor média (R$ 1.706).
Para o comércio, a concentração desta segunda parcela do décimo terceiro no mês de dezembro representa um período de maior aquecimento das vendas. Historicamente, o último mês do ano testemunha um aumento médio de 25% nas vendas, sendo especialmente significativo em setores como vestuário e calçados (80%), livrarias e papelarias (50%), e lojas de utilidades domésticas (33%).
Os segmentos varejistas mais afetados por esta injeção financeira incluem hiper e supermercados (R$ 17,15 bilhões), combustíveis e lubrificantes (R$ 6,13 bilhões), vestuário e calçados (R$ 4,47 bilhões) e produtos de farmácia, perfumaria e cosméticos (R$ 3,86 bilhões).