Há duas décadas, o Programa Luz para Todos iniciou uma jornada transformadora, levando energia a locais remotos e impactando a vida de milhões de brasileiros, como a família do produtor rural Dionízio Pereira Fonseca Junior, da comunidade quilombola Candeal II, em Feira de Santana, Bahia. Sua residência só foi eletrificada em 2004, marcando uma mudança significativa no cotidiano da família.
“Sem luz elétrica, a gente tinha dificuldade de estudar, de acesso aos meios de comunicação como rádio e TV. Com a energia elétrica, isso mudou, facilitou muito o nosso dia a dia”, relata Dionízio. Ele destaca que antes da chegada do Luz Para Todos, a distribuição de energia na região era desigual, com algumas ruas iluminadas e outras a quilômetros de distância sem acesso à eletricidade. O programa corrigiu essa disparidade, abrangendo todo o território.
Além de proporcionar melhorias no cotidiano, a eletrificação impactou positivamente na produção da comunidade, que se dedica ao plantio e processamento de mandioca. Com a energia, o processo de fabricação de farinha de beiju e tapioca foi mecanizado, impulsionando a produção.
Dionízio integra os 18 milhões de beneficiados pelo Luz para Todos, que completou duas décadas de investimentos expressivos. Ao longo desse período, foram destinados R$ 24,3 bilhões para expandir a rede elétrica, alcançando 3,6 milhões de lares em 5.437 municípios de 26 estados.
Os próximos anos do programa estarão focados na população rural do Norte do país e em regiões remotas da Amazônia Legal, com a meta ambiciosa de beneficiar mais 500 mil famílias até 2026. O Ministério de Minas e Energia aprovou um orçamento de R$ 2,5 bilhões para o programa em 2024.
Entre os inúmeros benefícios proporcionados, destaca-se a aquisição de eletrodomésticos essenciais, como televisão, geladeira, celular, liquidificador, máquina de lavar, chuveiro elétrico e ferro de passar roupa. Para o professor de Engenharia Elétrica Rafael Shayani, da Universidade de Brasília (UnB), o Luz para Todos é crucial para garantir acesso a um serviço público essencial, comparável à importância da água e saneamento básico.
Ele destaca que a eletrificação reduz riscos de incêndios domésticos, melhora as condições para estudos noturnos e possibilita o uso de recursos audiovisuais nas escolas. O programa teve um impacto significativo no início, atendendo cinco milhões de pessoas entre 2004 e 2007, metade da meta inicial. Ao completar uma década, em 2013, o Luz para Todos beneficiou 15 milhões de pessoas, evidenciando a eficácia de seu propósito fundamental: democratizar o acesso à energia elétrica, independentemente da complexidade logística envolvida.
