O Centro Cultural Octo Marques acolhe uma jornada cultural pela etnografia do Xingu através da nova exposição fotográfica “Representações e Abstrações”, por Rosa Berardo. Conhecida como fotógrafa, cineasta, jornalista e professora titular na Universidade Federal de Goiás (UFG), do departamento de Artes Visuais, Berardo traz à vida milhares de registros etnográficos do Alto e do Baixo Xingu.
Com a curadoria de Antonio da Mata, a exposição oferece uma perspectiva singular da etnografia xinguana, abrangendo o período do final da década de 80 até os dias atuais.
“Em 1985, minha imersão inicial no Parque Nacional do Xingu foi documentar um movimento crucial para a demarcação de terras indígenas, liderado pelo cacique Raoni e outros líderes”, recorda Berardo, na época com apenas 21 anos. A urgência surgia da ameaça imposta às comunidades indígenas pela invasão de suas terras e a iminência de perderem suas identidades culturais.
Durante seis anos, Berardo, autorizada pelos líderes indígenas, dedicou-se voluntariamente a documentar a realidade por meio de fotografias. “Os caciques solicitaram à Funai que me transportasse para o Xingu em pequenas aeronaves da fundação, geralmente usadas para evacuar pessoas doentes”, explica.
Hoje, com a permissão dos líderes do grupo étnico Kamayurá e o suporte da UFG, Berardo desenvolve um projeto de ensino de Fotografia e Cinema. Em colaboração com sua filha, Julia Berardo, mestre em Artes Visuais pela UFG, ela compartilha conhecimentos sobre linguagem de câmera, edição e roteiro. O propósito é capacitar os indígenas para representarem e registrarem suas culturas, libertando-os de olhares externos e colonizadores.
A exposição “Representações e Abstrações” inaugura nesta quinta-feira (30/11), às 19h, no Centro Cultural Octo Marques (R. 4, 515, edifício Parthenon Center – St. Central, Goiânia). Estará aberta ao público de 1º a 30/12, de segunda-feira a domingo, das 9h às 17h.
