O Sistema Único de Saúde (SUS) amplia seus recursos para a prevenção do câncer cervical ao incorporar um teste inovador de detecção do HPV, anunciado pelo Ministério da Saúde. A nova tecnologia, baseada em testagem molecular, visa não apenas identificar o vírus, mas também rastrear o câncer do colo do útero. A portaria referente a essa decisão foi publicada nesta sexta-feira (8) no Diário Oficial da União.
De acordo com informações divulgadas pelo Ministério da Saúde em Brasília, um investimento de R$ 18 milhões foi realizado em um projeto piloto que empregou o teste ao longo de 2023 em Pernambuco.
“A decisão de incorporar essa estratégia em todo o território nacional é um avanço para as mulheres, uma vez que, além de eficaz na detecção e diagnóstico precoce, oferece a vantagem de aumentar o intervalo entre os exames”, explicou o Ministério em nota.
A forma convencional de rastreio do HPV, geralmente realizado por meio do exame conhecido como Papanicolau, é recomendada a cada três anos, e em caso de detecção de lesões, anualmente. Por outro lado, o teste proposto pela nova tecnologia incorporada é indicado a cada cinco anos, o que facilita o acesso e promove uma maior adesão ao exame.
O HPV é reconhecido como a infecção sexualmente transmissível mais comum globalmente e o principal fator de risco para o câncer do colo do útero. Estima-se que cerca de 17 mil mulheres sejam diagnosticadas com essa doença no Brasil a cada ano.
Apesar das alternativas de prevenção disponíveis, como vacinação contra o HPV, uso de preservativos e rastreio para diagnóstico precoce, o câncer do colo do útero continua sendo uma das principais causas de morte entre mulheres, especialmente aquelas de grupos étnicos minoritários, com baixo poder aquisitivo e níveis de educação limitados.
A testagem de HPV é recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como padrão ouro para a detecção precoce de casos de câncer do colo do útero, fazendo parte das estratégias globais para eliminar essa doença como problema de saúde pública até 2030.
A decisão de incorporar esse teste na rede pública foi submetida à avaliação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), que considerou a tecnologia mais precisa do que as opções atualmente disponíveis no SUS.