Investimento Ambiental Predomina na Primeira Emissão de Títulos Verdes do Brasil

5/5 - (10 votos)

O Brasil está prestes a realizar sua primeira emissão de títulos soberanos sustentáveis no mercado internacional, com previsão para ocorrer até o início do próximo ano. O Tesouro Nacional anunciou que uma parcela substancial dos recursos levantados, entre 50% e 60%, será direcionada para projetos ambientais, enquanto os projetos sociais ficarão com o restante, de 40% a 50%.

Embora o Tesouro não tenha oficialmente divulgado a meta de captação com a emissão de títulos no mercado estrangeiro, o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, revelou em uma recente visita a Nova York que o governo brasileiro almeja angariar cerca de US$ 2 bilhões, o equivalente a aproximadamente R$ 10 bilhões na taxa de câmbio atual.

De acordo com o relatório do Tesouro, os recursos obtidos com os títulos soberanos sustentáveis do Brasil serão alocados em oito áreas, com seis delas relacionadas ao meio ambiente e duas à esfera social. O órgão estabeleceu estimativas para a distribuição de recursos em cada um desses segmentos, com faixas mínimas e máximas de divisão de recursos.

No que diz respeito aos projetos ambientais, a distribuição será a seguinte:

  • Transporte limpo: 20% a 25%;
  • Energia renovável: 15% a 20%;
  • Biodiversidade terrestre e aquática: 11% a 18%;
  • Gestão sustentável de recursos vivos e naturais e uso da terra: 3% a 6%;
  • Adaptação às mudanças climáticas: 0,5% a 0,8%;
  • Controle de emissões de gases de efeito estufa: 0,1% a 0,2%;
  • Total: 50% a 60%.

No que se refere aos projetos sociais, os sublimites seguirão os seguintes intervalos:

  • Combate à pobreza: 30% a 40%;
  • Segurança alimentar e sistemas alimentares sustentáveis: 10% a 17%;
  • Total: 40% a 50%.

O Tesouro Nacional justificou que essa primeira emissão de títulos verdes terá um forte foco em iniciativas ambientais, especialmente aquelas que desempenharão um papel decisivo na reversão do desmatamento e na preservação dos biomas nativos brasileiros.

Além disso, o Tesouro estabeleceu que pelo menos 75% dos recursos captados na primeira emissão no exterior devem ser destinados a novas despesas, com um limite de 25% para refinanciamento de gastos já executados ou em andamento. Esta emissão deverá financiar ou refinanciar preferencialmente despesas de 2023 e 2024, minimizando o refinanciamento de restos a pagar de anos anteriores.

Importante notar que certos gastos do Orçamento relacionados à agenda de sustentabilidade do país não receberão recursos da primeira emissão de títulos verdes no exterior. Isso foi decidido com o objetivo de permitir uma rastreabilidade precisa das despesas, a fim de fornecer uma prestação de contas transparente aos investidores estrangeiros.

Os títulos verdes, vinculados a compromissos ambientais, proporcionarão aos investidores estrangeiros rendimentos provenientes de projetos sustentáveis, com taxas de retorno estimadas entre 6,15% e 8%. Essa taxa será equivalente à do Fundo Nacional sobre Mudança do Clima, que também receberá parte dos recursos provenientes dessas emissões.

Inicialmente prevista para setembro, a emissão agora está programada para ocorrer ao longo do segundo semestre, com a possibilidade de ser adiada para o início de 2024, dependendo da “janela de mercado” mais propícia, como mencionado pelo secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, no final de agosto.

Mostre mais

Deixe um comentário

Botão Voltar ao topo